terça-feira, 25 de julho de 2017

Origem das Bandas


     A princípio foram grupos musicais informais ligados a atividade militar. Encontramos grupos musicais ambulantes no Egito Antigo, em Roma, no Oriente Médio, como na descrição bíblica de Josué no Antigo Testamento sobre a tomada de Jericó. Alguns historiadores falam que banda é o feminino de bando, que vem do latim e quer dizer bandeira. Estes grupos de músicas marchavam com a bandeira a frente dos grupamentos.

 Janízaros combatendo cavaleiros hospitalares em Rhodes, 1522

     A mais antiga banda de música organizada como tal, foi criada no Regimento dos Janízaros que era uma facção do Exercito Turco. Organizada no Século XVIII. Os janízaros eram uma tropa especial criada em 1326, por Omar I, Sultão do Império Otomano. Constitui-se os Janízaros os primeiros soldados regulares, uma “Tropa de Linha”. Possuíam uniformes e foram inspirados na Guarda Pretoriana de Roma. Com a invasão dos turcos ao Império Austro-Húngaro, a Alemanha, criou uma banda de música, copiada dos turcos, posteriormente a França também cria uma banda de música no corpo militar.

     A banda, composta de instrumentos de percussão e sopro, com uma estrutura semelhante à que existe hoje, teve este nome adotado na Itália. Foi dado o nome aos grupos militares compostos de instrumentos de sopro e percussão, que juntamente com a bandeira nacional, marchava à frente dos exércitos, conduzindo os mesmos ao local desejado.

     Alguns pesquisadores afirmam que o termo “BANDA DE MÚSICA”, é o feminino de bando, mas referindo-se aos bandos alegres de músicos que viviam em Paris, logo depois da queda da Bastilha, onde teria surgido e se tornado populares, as primeiras bandas de música.

Dobrado Janjão

sábado, 22 de julho de 2017

Dobrado: Uma Música Genuinamente Brasileira



O dobrado é o estilo musical que desde o seu surgimento até os dias atuais mais identifica as bandas musicais brasileiras. Desta forma, nada mais justo e pertinente de que abordar o seu processo histórico, sendo primordial para isso a busca de suas origens, seu desenvolvimento e constituição como gênero musical mais tradicional das bandas de música nacionais.

Pode-se dizer que as origens do dobrado encontram-se nas incursões militares da antiguidade, mais especificamente nas cadências utilizadas pela infantaria e marcadas por tambores e instrumentos de sopro rudimentares que com o passar do tempo foram sendo desenvolvidos e aperfeiçoados até formarem as bandas militares. Com efeito, é possível perceber basicamente três tipos de cadência para as diversas situações táticas de deslocamentos militares da infantaria, são eles:

"o passo de estrada, que é uma marcha lenta e pesada, usual nos longos percursos; o passo de parada ou passo ordinário, que é uma marcha bem mais rápida, com andamento próximo ao dobro do anterior, utilizada em desfiles, continências e paradas militares; e o passo acelerado, marcha de ataque para a tomada de pontos do terreno ou na carga sobre as linhas inimigas." (ROCHA, p.08)

Além disso, as bandas militares passaram a sentir a necessidade de aumentar as composições, isso devido ao intuito de estender a duração da música militar para atender um maior percurso no deslocamento das tropas sem que tivesse que reiniciar a mesma marcha em um pequeno espaço percorrido. Assim sendo, a marcha militar (música) “foi alterada com uma dobra no número de compassos de 16 para 32 compassos dentro de cada parte que compõem a forma tradicional deste tipo de composição” (SOUZA, 2009).

Com o passar dos anos o “passo ordinário” conhecido também por “passo dobrado” passou a designar, além da marcha (andamento) as marchas (composições) das paradas, continências e desfiles, surgindo daí os gêneros musicais “ pás-redoublé” francês, “pasodoble” espanhol e a marcha militar de “passo dobrado” em Portugal, que é ancestral direta do dobrado brasileiro. (DANTAS, apud SOUZA, 2009).

No Brasil, o “passo dobrado” europeu passou a ser executado em todo território nacional durante o século XIX, recebendo influências de vários outros gêneros musicais assim como de outras formas e especificidades culturais do país. Dessa maneira, o “passo dobrado” no país foi se distanciando cada vez mais da caracterização original do estilo europeu e foi se consolidando paulatinamente como uma marcha brasileira diferente da européia e norte-americana, com características próprias e recebe a denominação de “dobrado” o qual nesse momento já possuía “características melódicas, harmônicas, formais e contrapontísticas que o distinguiam de outros gêneros musicais, permitindo assim a sua inclusão no rol dos gêneros musicais genuinamente brasileiros”. (ROCHA, p.09).

E assim se deu o processo histórico do Dobrado Brasileiro, que hoje encanta e abrilhanta as festividades cívico-religiosas e concertos de bandas de música em todo país. 

Por: Antônio Ferreira Dantas Júnior (Junhão)
REFERÊNCIAS:
  • http://maestrorochasousa.blogspot.com/2009/05/o-dobrado-1.html 
  • ROCHA.José Roberto Franco da. O Dobrado: Breve Estudo de um Gênero Musical Brasileiro. Artigo. Retirando em www.liraserranegra.org.br/dobrado.pdf
Fonte: http://coretojs.blogspot.com.br/2009/11/dobrado-uma-marcha-genuinamente.html

Canção Fibra de Herói

Canção Fibra de Herói(Letra)

Poema: Teófilo de Barros Filho
Música: Guerra Peixe

Se a Pátria querida for envolvida
Pelo inimigo, na paz ou na guerra
Defende a terra
Contra o perigo

Com ânimo forte se for preciso
Enfrento a morte
Afronta se lava com fibra de herói
De gente brava

Bandeira do Brasil
Ninguém te manchará
Teu povo varonil
Isso não consentirá

Bandeira idolatrada
Altiva a tremular
Onde a liberdade
É mais uma estrela
A brilhar


quarta-feira, 19 de julho de 2017

Dobrado Escola de Menores

Banda militar

  Banda de Música do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará
     Banda de música é um grupo musical composto basicamente por instrumentos de sopro e instrumentos de percussão onde também podem ser incorporados instrumentos de cordas, como violoncelos, contra baixos e harpa. Como nas orquestras, possui um regente à sua frente. Tem como repertório principal Marchas, Dobrados, Xotes, Polcas, Valsas, mas também outros tipos de música populares e eruditos.

História

     A primitiva Banda Militar é a fanfarra de cavalaria, limitada aos instrumentos de metal dos grupos musicais da época medieval. Disto testemunho as inscrições dos monumentos da antiga Roma. Estas fanfarras participavam de cortejos festivos, principalmente militares. São desta época os seguintes instrumentos de sopro e percussão: trompa, trombeta, clarim, chamarela, flauta, trombone de vara, tuba (trombeta romana), pratos, tímpanos e tambores. Dos sons produzidos pelas cornetas, os chefes das bandas faziam-nas tocar melodias militares, reforçando o ritmo de marcha. As Banda Militares começaram a serem organizadas na Alemanha, França e Inglaterra, por ocasião do Renascimento. O século XVIII assinala um grande desenvolvimento nas Bandas Militares, na Rússia e Polônia, respectivamente, por Pedro O Grande, e Augusto II. É preciso lembrar que até início dos anos oitenta "banda", na área da música, segundo o Dicionário de Música (Zahar Editores – 1985), tradução da primeira edição inglesa de 1982, era: "Conjunto de instrumentos de sopro e percussão associado originalmente à música militar". No Brasil, assim como nos EUA, entretanto, impõe-se a distinção entre as bandas civis e militares.
     A diferença, no caso, é basicamente institucional. As bandas militares, de formação variada atendem às necessidades da caserna. Já as bandas civis se transformaram em instituição de importância ímpar na vida musical, social e cultural do interior brasileiro. Têm, em geral, registro em cartório, sede própria, diretoria, estatutos, escolinha de instrumentistas, arquivo de grande valor musicológico, perpetuando gêneros abandonados pela música comercial.
     Resumidamente era essa também a definição fornecida pelos principais dicionários linguísticos. Entretanto, do início dos anos oitenta para cá, banda passou a ser qualquer conjunto musical, e a banda de antes deixou de ser considerada em alguns dicionários. Conquanto seja a escola de música mais presente no interior do Brasil, a banda não conta a proteção que merece do poder público, e teve que, a partir de então, usar a extensão "de música" para se diferenciar dos demais grupos e conjuntos musicais.
     Entre instrumentistas e demais pessoas envolvidas com bandas de música corre a suspeita de que a apropriação do termo é parte de campanha, meio subliminar, para retirar do imaginário popular a figura da banda tradicional; coordenada, não pelos grupos musicais, novos usuários do termo, mas por outros interessados por trás do marketing em torno da cultura popular, nem sempre de raízes nacionais.
     Como diz o próprio Dicionário de Música, já referido, a importância da banda, como instituição, transcende o aspecto músico-cultural, para se revestir do aspecto social. Por meio da banda de música muitos talentos se revelam, melhores cidadãos se formam e, não raro, dentre seus instrumentistas surgem lideranças importantes para a comunidade. Jovens em situação de risco social podem encontrar nela caminho seguro, onde superar suas angústias e realizar auto-afirmação.

História e Evolução das Bandas de Música no Brasil


A banda de música, assim como o povo brasileiro, apresenta larga diversificação de gênero e de autores, pois se encontra em toda a abrangência do espaço brasileiro. Fenômeno histórico e sociológico tão importante quanto o fenômeno artístico, a banda de música vive hoje, em muitos lugares, em estado de latência. Não deixa, porém, de desempenhar importante papel de mobilizadora da comunidade nos seus momentos mais caros e solenes; de cumprir o papel de escola livre de música, verdadeiro conservatório do povo; de manter-se como guardiã da tradição musical popular brasileira. A banda de música ainda é a mais antiga e menos estudada instituição ligada à criação e divulgação da música popular. Esse papel de reserva da cultura popular assumiu dimensões históricas a partir do século XVIII com a multiplicação das irmandades cecilianas – de Santa Cecília - às quais os músicos geralmente se filiavam, mantendo forte vínculo com as instituições religiosas. Herdeiras do sistema medieval de organização do trabalho, as irmandades dos músicos reconheciam a categoria e esses trabalhadores puderam expandir suas obrigações além do âmbito da igreja, no sentido social como no artístico, acrescentando, por exemplo, obrigações assistencialistas que resultavam da contribuição de cada um. Era o embrião do mutualismo, o pré-sindicalismo. A pesquisa também revela grandes mudanças na organização das irmandades e das próprias bandas de música na entrada do século XIX, quando à confusa formação de músicos nas milícias e nas igrejas deram-se soluções “modernas”, inspiradas nos modelos europeus. A chegada de D. João com a corte portuguesa, em 1808, propiciou mudanças qualitativas de grande repercussão em todo o Brasil. Data de 27.03.1810 o decreto que mandou estabelecer em cada regimento um corpo de música composto de 12 a 16 executantes. Em 1814 começaram a espalhar-se nos quartéis o ensino e a prática de instrumentos mais atualizados em substituição às antigas bandas, ou ternos e quartetos, de tocadores de charamelas, pífanos, trombetas, caixas e timbales. O grande impulso resultou, portanto do estabelecimento da corte portuguesa no Rio de Janeiro. Mas a banda da brigada real, trazida por D. João em 1808, ainda era arcaica. Em Portugal, a banda de música começou a se modernizar somente em 1814, quando seus soldados regressaram da guerra peninsular trazendo brilhantes bandas de música, em que predominavam executantes contratados espanhóis e alemães. Ernesto Vieira alude ao decreto de 29.10.1814, determinando que houvesse em cada regimento de infantaria uma banda composta de mestre e 11 músicos, todos praças do pré. O modelo português vigoraria no Brasil e está indicado na portaria de 16.12.1815, que recomendou a composição da música de cada regimento de infantaria e batalhão de caçadores: 1 mestre, 1º clarinete; 1 requinta; 2 clarinetes; 2 trompas; 1 clarim; 1 fagote; 1 trombão ou serpentão; 1 bombo e 1 caixa de rufo. 6 Determinou ainda que houvesse 4 aprendizes escolhidos entre os soldados, podendo assim chegar a 16 o número de músicos, mas não mais que isto. A música nas milícias claramente aparecida em bases orgânicas, na metrópole, em 1814, forneceria o modelo para a formação de bandas civis. Daria, inclusive, preponderância ao 1º clarinete, aquele que teria habilitação de mestre. Em Portugal, a história da formação das bandas civis também é obscura. Pedro de Freitas acredita que ela surgiu, pela primeira vez, em 1822, quando o afamado maestro Bomtempo apresentou em Lisboa uma sociedade filarmônica organizada nos moldes da de Londres, fundada em 1812. A novidade teria sua natural repercussão no país. Se isso acontecia tão tardiamente na metrópole portuguesa, claro que no Brasil as coisas se desdobrariam a seu tempo. Na verdade, porém, a banda de música, tal como hoje a conhecemos, é produto do século XIX. Ela só alcançou o padrão moderno na Europa na primeira metade do século XX, quando aperfeiçoamentos substanciais foram introduzidos nas flautas e nos clarinetes. Esses aperfeiçoamentos se devem principalmente ao flautista alemão Theobald Bohm (1794-1881) e ao belga Adolf Sax (1814-1894), criador do saxofone em 1840. Ao contrário das bandas de música das milícias, que deixaram atrás de si pistas abundantes e por vezes minuciosas de sua organização e manutenção, as bandas civis contam a história quase sempre obscura. Nem todos os dicionários e enciclopédias dignam-se de falar dessas corporações. Lembram apenas os conjuntos palacianos, como os da corte francesa, onde teria surgido a denominação “banda”. Mário de Andrade, entre nós, sempre atentos às coisas do povo, verbetizou o termo no Dicionário musical brasileiro, obra póstuma, 1989, pp. 44-45, dando-lhe 2 significados: 1, Conjunto de instrumentos de sopro, acompanhados de percussão; 2. O mesmo que charanga, filarmônica. Abona com eruditas informações. Bandas de fazenda, diz MA, composta de pretos e escravos. “O barão do Bananal com seus crioulos compuseram uma de 24 instrumentistas, me contou o preto velho Manuel”, aquele que lhe dera um documento precioso, o dobrado, Voluntário da Pátria, transcrito no volume Melodias registradas por meios não mecânicos, org. Oneyda Alvarenga, 1946, p.96.

Fonte: www.secult.ce.gov.br

Dobrado 182

terça-feira, 18 de julho de 2017

Anacleto Augusto de Medeiros

Anacleto Augusto de Medeiros

Anacleto Augusto de Medeiros (Rio de Janeiro RJ 1866 - idem 1907). Instrumentista, compositor e maestro. É filho de um médico que vive na Ilha de Paquetá com a escrava liberta Isabel Medeiros e tem ainda outros cinco filhos. Desde menino, Medeiros interessa-se pela música, aprendendo flauta e flautim. Para estudar, aos 9 anos, matricula-se na escola interna da Companhia de Menores do Arsenal de Guerra, sediada na cidade do Rio de Janeiro, onde toca flautim. Nela permanece aproximadamente até os 18 anos e se integra à banda da instituição, dirigida pelo maestro Antonio dos Santos Bocot. Ao sair da escola, matricula-se, em 1883, no Conservatório de Música do Rio de Janeiro em busca de educação musical formal, e estuda com Francisco Braga, autor do Hino à Bandeira Nacional. Aprende a tocar diversos instrumentos de sopro e forma-se em dois anos como professor de clarinete, apesar de preferir o sax-soprano. Ao mesmo tempo, em 1884, para sobreviver, trabalha como aprendiz de tipógrafo na Tipografia Nacional. Nesse período frequenta as rodas de choro do centro do Rio de Janeiro e começa a compor. Na empresa, organiza um clube musical e funda a Banda do Clube Musical Gutenberg. Com base nessa experiência, funda várias bandas, como as de Paquetá, Paracambi e Magé, e delas participa como maestro. Em 1896, é convidado a assumir o comando da Banda do Corpo de Bombeiros, na qual reúne músicos da época da banda do Arsenal de Guerra e também das rodas de choro. Rapidamente a banda alcança reconhecimento, assim como seu regente, tornando-se a mais importante da cidade. Com a fundação da Casa Edison o conjunto registra, no início do século XX, diversos fonogramas para a gravadora, e se torna um dos pioneiros da indústria fonográfica. Em 1906, ele deixa o comando da banda dos bombeiros e fica na regência apenas das bandas da Fábrica de Tecidos Bangu (1904), da Fábrica de Tecidos de Macacos (depois Paracambi) e de Piedade (Magé). Pouco depois assume ainda o comando da banda da Fiação Confiança (em Vila Isabel).


É na década de 1890 que Medeiros aparece como autor. Criando com mais assiduidade, torna-se reconhecido compositor no circuito musical carioca. Em 1895, compõe o xote Iara, que, posteriormente, em 1912, recebe letra de Catulo da Paixão Cearense com nome de Rasga Coração (cuja melodia Villa-Lobos usa mais tarde como tema do Choros nº 10), com quem estabelece boas relações e a parceria em algumas canções, como Palmas de Martírio (s.d.), as polcas Fadário (s.d.) e O que Tu És (ou Três Estrelas, s.d.), gravadas por Mário Pinheiro e Bahiano. Compõe também os dobrados Cabeça de Porco e Avenida (ambos s.d.); o tango Os Boêmios (s.d.); as polcas Em Ti Pensando e Medrosa (ambas s.d.); e a valsa Coralina (s.d.); entre diversas outras obras. Desse modo, Medeiros amadurece como um músico completo: exímio maestro, instrumentista capaz e autor de obra composta de mais de uma centena de peças.

A relevância cultural e musical das bandas militares


Nesta edição do programa Brasilianas.org, Luis Nassif recebe três mestres de dobrado para discutirem o papel das bandas marciais na formação da música instrumental brasileira: Tenente Franco, mestre da Banda do Segundo Batalhão da Polícia do Exército; Major Ezequiel, comandante do Corpo Musical da Polícia Militar de São Paulo; e Capitão-de-Corveta Sidney da Costa Rosa, maestro da Banda Sinfônica do Corpo de Fuzileiros Navais, referência nacional e internacional na área de bandas militares.

Dobrado é um termo musical para se referir a um acidente duplo na música. O gênero se popularizou no Brasil a partir do século XIX e desde então tem sido importante para a preservação da memória cultural do país. Ao longo dos anos, algumas das bandas militares se transformaram em bandas sinfônicas, incorporando instrumentos mais refinados como oboés, fagotes, clarones e clarinetas. No Brasil, a Banda Sinfônica dos Fuzileiros Navais introduziu a gaitas de fole escocesa, que recebeu como presente da Rainha da Inglaterra em 1951.

Dobrado José Agostinho(Dobrado nº 12)

José Agostinho da Fonseca (1886-1945)
A foto é de 1928.


Comentários extraídos do encarte do CD “Sinfonia Amazônica” (volume 2), escritos por Vicente José Malheiros da Fonseca:

José Agostinho – dobrado (nº 12), que Wilson Fonseca dedicou, em 1945, a seu pai José Agostinho da Fonseca, mestre de banda e clarinetista. Os magníficos contrapontos da peça revelam o talento de Isoca, sutil nas oportunas insinuações do clarinete, cujo desenho musical transparece citações inspiradas no fio condutor dos maxixes de seu pai. Esses maravilhosos bordados musicais, qual diálogo entre pai e filho, parecem traduzir gostosas brincadeiras que não escondem um certo espírito moleque, na verdade, lições do mestre ao discípulo, numa sintonia mais do que polifônica. Por isso, os músicos aprenderam a ter uma admiração especial, quase uma veneração, por essa música tão inspirada. Em virtude de repetições necessárias de trechos da composição, alguns chegam a considerá-la um “dobradão”, dada a sua extensão inusitada para o gênero (9 minutos), que, guardadas as devidas proporções, lembra as longas obras-primas de Beethoven, Wagner, Bruckner ou Mahler. É impossível deixar de destacar ainda outros pontos na obra. Primeiro, a delicadeza de expressão na melodia do inevitável “forte”, com os contratempos suavemente destacados. Segundo, a passagem genial para a última parte da peça, simbolizada por uma pausa de quatro tempos (um compasso inteiro), significativo silêncio, no extraordinário anúncio para o trecho mais bonito da peça, cujo realce foi coberto pelo golpe do prato, a fim de demonstrar que a música não terminava ali, mas continuava, como na eternidade da vida, numa oportuna idéia do Maestro Tinho, na homenagem que também presta ao saudoso avô, cujo nome herdou, com talento e dignidade. E terceiro, a linda marcação do contrabaixo na última parte do dobrado, entrecortada de toques sutis do trompete. “José Agostinho” é a origem do entrelaçamento de outras criações de Wilson Fonseca, de nítida influência nos dobrados nºs. 40 e 33, que dedicou ao filho e ao neto (“Tinho – 40 Anos” e “Tinhinho” – faixas 14 e 9 do CD “Sinfonia Amazônica”, volume 1), qual DNA que marca o estilo inconfundível de Isoca. É a reverência ao mestre, seu genitor, com todos os ingredientes necessários à manifestação da mais pura gratidão, sob a forma de música.

História e Tradição da Música Militar



Parece que a música estava ligada às ações militares desde tempos muito remotos, não apenas como meio de comunicação no campo de batalha, como também como elemento psicológico, animando as tropas e atemorizando os inimigos.

Isto podemos constatar já na Bíblia, quando no capítulo 6 do livro de Josué se descreve a batalha que este empenha em Jericó contra os Cananeus. Neste trecho bíblico, ao som das trompas construídas com chifres de carneiros, o shofar, as muralhas de Jericó, com mais de 7 metros de altura cedem, ao som destas trompas, e Josué conduz seus homens à vitória.
 
Entre os gregos não era muito diferente a situação. Este povo acreditava que cadamodo de escala musical imitava um afeto humano, e portanto tinha também a capacidade de provocá-lo. A isso davam o nome de ethos. Quando se queria provocar a paixão, se escolhia um tipo de modo, a piedade, outro e conseqüentemente a guerra também devia ser imitada e movida por um modo. Em algumas obras da literatura grega vemos referência aos músicos acompanhando as batalhas ou as marchas. Para estas marchas triunfais sabe-se que o ritmo que as conduzia era chamado de Embateri. Os instrumentos utilizados eram o aulos (parecido com um clarinete rústico) e a tromba, além dos tambores.

Em Roma, nação mais beligerante e conquistadora, a música militar era mais organizada. Três instrumentos de sopro faziam parte dos músicos da tropa, classificados pelo nome geral de tromba. Eram eles: Tuba (tromba reta), buccina (tromba curva) e o cornu. Um concerto com os três instrumentos se chamava classicum sonare. A eles se uniam os tambores. Esses músicos tinham o título de Aeneatores e celebravam um dia festivo apenas para eles, era o 23 de maio, chamado de tubilustrium.

Canção da Infantaria

Canção da Infantaria(Letra)

Poema: Hildo Rangel
Música: Thiers Cardoso

Nós somos estes infantes
Cujos peitos amantes
Nunca temem lutar;
Vivemos,
Morremos,
Para o Brasil nos consagrar!

Nós, peitos nunca vencidos,
De valor, desmedidos,
No fragor da disputa,
Mostremos,
Que em nossa Pátria temos,
Valor imenso,
No intenso,
Da luta.

És a nobre Infantaria,
Das armas a rainha,
Por ti daria
A vida minha,
E a glória prometida,
Nos campos de batalha,
Está contigo,
Ante o inimigo,
Pelo fogo da metralha!
És a eterna majestade,
Nas linhas combatentes,
És a entidade,
Dos mais valentes.
Quando o toque da vitória
Marcar nossa alegria,
Eu cantarei,
Eu gritarei:
És a nobre Infantaria!

Brasil, te darei com amor,
Toda a seiva e vigor,
Que em meu peito se encerra,
Fuzil!
Servil!
Meu nobre amigo para guerra!

Ó! meu amado pendão,
Sagrado pavilhão,
Que a glória conduz,
Com luz,
Sublime
Amor se exprime,
Se do alto me falas,
Todo roto por balas!

REFRÃO { És a nobre Infantaria, etc...}

(Fonte: Vagalume

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Homenagem ao Dia dos Pais - 2016


segunda-feira, 17 de julho de 2017

O Dobrado - A Nossa Marcha Cívica


Dentro da variedade dos estilos e formas de composições que compõem o repertório das bandas de música brasileiras, o dobrado - marcha cívica tradicional que tem sua origem ligada à música militar é o que mais identifica as corporações musicais do nosso país. Esta afirmação encontra base nas pesquisas que o musicólogo Curt Lange fez sobre as nossas bandas bem como também em estudos feito por outros pesquisadores que se aventuram neste campo.
  • Marchar: Passo cadenciado de um indivíduo, ou de um corpo de tropas.
  • Marcha: Peça musical que se destina a marcar ou evocar o ritmo cadenciado do passo de uma pessoa, ou de um grupo de pessoas em marcha.
  • Marcha Militar: é uma composição instrumental destinada a marcar o passo de uma tropa em desfile nas solenidades militares ou em um deslocamento qualquer de uma tropa. A marcha militar se baseia num ritmo com marcação repetida e regular acompanhado de tambores e bombos marcados nos tempos fracos de cada compasso com intensidade e vibração e sendo abafando nos tempos fortes; enquanto isso a caixa de guerra mantém o preenchimento do acompanhamento rítmico dos compassos que ainda tem a marcação dos pratos em todos os tempos.
Embora existam marchas para piano, acordeon ou violão, o estilo se desenvolveu, ampliou-se e se diversificou no seio das bandas de músicas militares e posteriormente nas bandas civis. Acreditamos que isto se deu em função da necessidade e adaptação do potencial acústico dos vários tipos de instrumentos de sopro e percussão que compõem as bandas ao caráter e finalidade das marchas para o desfile das tropas. Esta fusão da música marcial com as bandas de música no mundo tornou-se um só corpo indissolúvel e ao fundir-se com as culturas locais chegou a derivar-se em outros estilos variantes como no caso do Brasil: das nossas marchas de procissão, da marchinha de carnaval, do frevo e suas variações, entre outros.

As marchas militares mais antigas que se tem registro são as de Jean Baptista Lully para as bandas de Luis XIV. A partir da Revolução Francesa, Cherubini, Hummel, Beethoven e outros compositores escreveram marchas para regimentos e exércitos. Atualmente, a maior parte das marchas foram escritas entre 1880 e 1914.

A marcha militar foi introduzida na música de concerto através das óperas e balé de Lully; sendo seguido por outros compositores. São freqüentes as marchas nas óperas de Haendel, Mozart, Verdi e Wagner. Dentro das marchas escritas para teclado, destacamos as escritas por Schubert, Schumann e Chopin.

Além da finalidade militar as marchas podem apresentar características muito diferentes, segundo a finalidade para qual foi composta.

· Marcha Fúnebre, com andar lento - Destacamos a marcha da Sonata para piano nº12.op.26 e da 3ª Sinfonia, ambas de Beethoven; também destacamos a célebre marcha de da 1ª Sonata para piano de Chopin.

· Marcha Nupcial, com andar solene - Destacamos a Marcha Nupcial de "Sonho de uma noite de Verão" de Mendelssohn.

· Marcha Militar, com andar brilhante para desfile. “A marcha militar de passo-dobrado originou três grandes tradições de composição: o pás-redoublé francês, o pasodoble espanhol e a marcha militar de passo dobrado em Portugal, que em terras brasileira se tornaria o dobrado. O dobrado brasileiro recebeu ainda influencias da marcha militar alemã, além de incorporar elementos da nossa música popular” (Fred Dantas).

· Marcha Religiosa para acompanhamento de procissão.

· Marcha Triunfal para execução em concerto com muito brilhantismo - Como exemplo mais conhecido destacamos a marcha triunfal da ópera "Aida" de Verdi.

· Marcha de Carnaval gênero da música popular feito exclusivamente para as festividades carnavalescas. Teve seu auge dos anos 20 aos anos 60 do século passado, altura em que começou a ser substituída pelo samba enredo. A marcha "Ó abre alas", da maestrina Chiquinha Gonzaga, composta em 1899 e inspirada na cadência rítmica dos ranchos e cordões foi a primeira marcha de carnaval brasileira.

Marcha de Passo Dobrado ou “Dobrado”

Os dobrados são marchas militares especificas feitas com a finalidade de acompanhar deslocamentos de tropas em desfile. Os titulos destas marchas geralmente são para homenagear pessoas, datas ou lugares.
O "dobrado", como estilo de composição com as caracteristicas que tem hoje, evoluiu da marcha militar tradicional, a fim de atender um maior percurso de deslocamento das tropas sem que tivesse que reiniciar a mesma marcha em um pequeno espaço percorrido. Procurando atender esta necessidade a forma da marcha militar foi alterada com uma dobra no numero de compassos de 16 para 32 compassos dentro de cada parte que compõem a forma tradicional deste tipo de composição.
Estrutura e Forma Musical do Dobrado
A marcha militar se estrutura em compasso binário ou quaternário, ainda que é mais comum em compasso binário, com forma de minueto e que pode existir isoladamente ou fazer parte de uma Sonata, Sinfonia, Ópera ou outras formas. A marcha militar tem os tempos fortes acentuados, e com um mesmo andamento marcial, se destina, tanto ao desfile cívico-militar como ao concerto em recintos fechados ou em espaços públicos com acústica aberta.
Apesar de um conjunto de características comuns que diferenciam a marcha cívica brasileira das marchas de outras nacionalidades não podemos afirmar que existe uma definição absoluta quanto a sua forma. Podemos afirmar que levando se em conta a maioria das características comuns geralmente inicia-se com uma introdução forte e curta onde pode-se perceber em sua constituição a marcialidade, a cadência firme e o brilhantismo melódico, partindo para uma primeira parte, com repetição, onde é exposta a melodia principal em dialogo com os contracantos. A parte seguinte é o forte, onde solam os graves e onde é encontrada a massa sonora do dobrado. Volta-se à primeira parte e, após breve ponte, chega-se ao trio. O Trio é a parte do dobrado onde o compositor envolve os aspectos harmônicos, rítmicos e melodiosos para expressar traços que caracterizam a personalidade do homenageado e dar um caráter mais humanístico à música.

Um dos fatores que contribui para a não existência de uma forma musical definida do nosso dobrado, acredito que tenha sido o isolamento que durante muito tempo, até a primeira metade do séc. XIX, as bandas das cidades interioranas foram submetidas devido às dificuldades de comunicação e locomoção da época. O contato existente entre os grupos era possibilitado pelos músicos que viajavam para as cidades que tinham bandas trocando informações e partituras. Tais intercâmbios possibilitaram a aproximação de uma forma musical comum, mas não sua unificação.

As partituras que chegavam com os músicos andarilhos durante muito tempo foram o único meio de integração entre as bandas e a única fonte de referencia para estudo e analise entre os compositores das diversas bandas interioranas.

Da forma musical do dobrado de desfile surgiu o dobrado sinfônico que é uma variação do gênero utilizado apenas para concerto.

O Maestro e Musicologo Fred Dantas afirma em artigo que:

“No Brasil o dobrado, se tornou em certos momentos música de concerto, desapegada da finalidade de utilização para deslocamento militar” chegando a popularizar-se graças a predileção dos mestres de bandas por este tipo de música no repertório de seus grupos para as apresentações nas tradicionais retretas e desfiles que as bandas de música sempre realizavam e ainda hoje realizam nas milhares de cidades brasileiras não deixando de fora do repertório os dobrados compostos por compositores locais."

Fonte: http://maestrorochasousa.blogspot.com.br/2009/05/o-dobrado-1.html 

Canção do Marinheiro - Cisne Branco

domingo, 16 de julho de 2017

Canção do Marinheiro - Cisne Branco(Letra)

Poema: 2º Ten (MB) Benedito Xavier De Macedo
Música: 1º Sgt (EB)Antonio Manoel Do Espírito Santo

Qual cisne branco que em noite de lua
Vai deslizando num lago azul.
O meu navio também flutua
Nos verdes mares de Norte a Sul.

Linda galera que em noite apagada
Vai navegando num mar imenso
Nos traz saudades da terra amada
Da Pátria minha em que tanto penso.

Qual linda garça que aí vai cruzando os ares
Vai navegando

Sob um belo céu de anil
Minha galera

Também vai cruzando os mares
Os verdes mares,

Os mares verdes do Brasil.

Quanta alegria nos traz a volta
À nossa Pátria do coração
Dada por finda a nossa derrota
Temos cumprido nossa missão.


(fonte: Página Oficial da Marinha do Brasil)

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Canção do Expedicionário(Letra)

Poema: Guilherme De Almeida
Música: Spartaco Rossi

Você sabe de onde eu venho ?
Venho do morro, do Engenho,
Das selvas, dos cafezais,
Da boa terra do coco,
Da choupana onde um é pouco,
Dois é bom, três é demais,
Venho das praias sedosas,
Das montanhas alterosas,
Do pampa, do seringal,
Das margens crespas dos rios,
Dos verdes mares bravios
Da minha terra natal.

Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.

Eu venho da minha terra,
Da casa branca da serra
E do luar do meu sertão;
Venho da minha Maria
Cujo nome principia
Na palma da minha mão,
Braços mornos de Moema,
Lábios de mel de Iracema
Estendidos para mim.
Ó minha terra querida
Da Senhora Aparecida
E do Senhor do Bonfim!

Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.

Você sabe de onde eu venho ?
E de uma Pátria que eu tenho
No bôjo do meu violão;
Que de viver em meu peito
Foi até tomando jeito
De um enorme coração.
Deixei lá atrás meu terreno,
Meu limão, meu limoeiro,
Meu pé de jacaranda,
Minha casa pequenina
Lá no alto da colina,
Onde canta o sabiá.

Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.

Venho do além desse monte
Que ainda azula o horizonte,
Onde o nosso amor nasceu;
Do rancho que tinha ao lado
Um coqueiro que, coitado,
De saudade já morreu.
Venho do verde mais belo,
Do mais dourado amarelo,
Do azul mais cheio de luz,
Cheio de estrelas prateadas
Que se ajoelham deslumbradas,
Fazendo o sinal da Cruz !

Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.

(Fonte: Vagalume

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Canção do Expedicionário

sábado, 15 de julho de 2017

Canção do Exército

Canção do Exército(Letra)

Poema: Ten Cel Alberto Augusto Martins
Música: T. De Magalhães

Nós somos da Pátria a guarda,
Fiéis soldados,
Por ela amados.
Nas cores de nossa farda
Rebrilha a glória,
Fulge a vitória.

Em nosso valor se encerra
Toda a esperança
Que um povo alcança.
Quando altiva for a Terra
Rebrilha a glória,
Fulge a vitória. 

A paz queremos com fervor,
A guerra só nos causa dor.
Porém, se a Pátria amada
For um dia ultrajada
Lutaremos sem temor.

Como é sublime
Saber amar,
Com a alma adorar
A terra onde se nasce!
Amor febril
Pelo Brasil
No coração
Nosso que passe.

E quando a nação querida,
Frente ao inimigo,
Correr perigo,
Se dermos por ela a vida
Rebrilha a glória,
Fulge a vitória. 

Assim ao Brasil faremos
Oferta igual
De amor filial.
E a ti, Pátria, salvaremos!
Rebrilha a glória,
Fulge a vitória.

A paz queremos com fervor,
A guerra só nos causa dor.
Porém, se a Pátria amada
For um dia ultrajada
Lutaremos sem temor.

(Fonte: Vagalume)

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Canção do Soldado do Fogo(Letra)

Letra: Ten Sergio Luiz de Mattos  
Música: Cap. Antonio Pinto Junior

Contra as chamas e lutas ingentes
Sob o nobre alvirrubro pendão,
Dos soldados do fogo valentes,
É a paz, a sagrada missão.
E se um dia houver sangue e batalha.
Desfraldando a auriverde bandeira,
Nossos peitos são férreas muralhas,
Contra audaz agressão estrangeira.

Missão dupla o dever nos aponta:
Vida alheia e riquezas salvar
E, na guerra punindo uma afronta
Com valor pela pátria lutar.
Hino do Soldado do Fogo

Aurifulvo clarão gigantesco
Labaredas flamejam no ar
Num incêndio horroroso e dantesco,
A cidade parece queimar
Mas não temem da morte os Bombeiros
Quando ecoa d´alarme o sinal
Ordenando voarem ligeiros
A vencer o vulcão infernal.

Missão dupla o dever nos aponta:
Vida alheia e riquezas salvar
E, na guerra punindo uma afronta
Com valor pela pátria lutar.

Rija luta aos heróis aviventa,
Inflamando em seu peito o valor,
Para frente que importa a tormenta
Dura marcha de sóis ou rigor?
Nem um passo daremos atrás,
Repelindo inimigos canhões
Voluntários da morte na paz
São na guerra indomáveis leões.

Missão dupla o dever nos aponta:
Vida alheia e riquezas salvar
E, na guerra punindo uma afronta
Com valor pela pátria lutar.

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Hino do Municipio de Fortaleza/CE(Letra)

Poema: Gustavo Barroso  
Música: Antônio Gondim

Junto à sombra dos muros do forte
A pequena semente nasceu.
Em redor, para a glória do Norte,
A cidade sorrindo cresceu.
No esplendor da manhã cristalina,
Tens as bênções dos céus que são teus
E das ondas que o sol ilumina
As jangadas te dizem adeus.

Fortaleza! Fortaleza!
Irmã do Sol e do mar,
Fortaleza! Fortaleza!
Sempre havemos de te amar

O emplumado e virente coqueiro
Da alva luz do luar colhe a flor
A Iracema lembrando o guerreiro,
De sua alma de virgem senhor.
Canta o mar nas areias ardentes
Dos teus bravos eternas canções:
Jangadeiros, caboclos valentes,
Dos escravos partindo os grilhões.

Fortaleza! Fortaleza!
Irmã do Sol e do mar,
Fortaleza! Fortaleza!
Sempre havemos de te amar

Ao calor do teu sol ofuscante,
Os meninos se tornam viris,
A velhice se mostra pujante,
As mulheres formosas, gentis.
Nesta terra de luz e de vida
De estiagem por vezes hostil,
Pela Mãe de Jesus protegida,
Fortaleza és a Flor do Brasil.

Fortaleza! Fortaleza!
Irmã do Sol e do mar,
Fortaleza! Fortaleza!
Sempre havemos de te amar

Onde quer que teus filhos estejam,
Na pobreza ou riqueza sem par,
Com amor e saudade desejam
Ao teu seio o mais breve voltar.
Porque o verde do mar que retrata
O teu clima de eterno verão
E o luar nas areias de prata
Não se apagam no seu coração.

Fortaleza! Fortaleza!
Irmã do Sol e do mar,
Fortaleza! Fortaleza!
Sempre havemos de te amar

(Fonte: Wikisouce

Hino do Estado do Ceará(Letra)

Poema: Thomaz Pompeu Lopes Ferreira 
Música: Alberto Nepomuceno


Terra do sol, do amor, terra da luz!
Soa o clarim que a tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Em clarão que seduz!
Nome que brilha - esplêndido luzeiro
Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!

Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Chuvas de pratas rolem das estrelas
E despertando, deslumbrada ao vê-las
Ressoe a voz dos ninhos
Há de florar nas rosas e nos cravos
Rubros o sangue ardente dos escravos

Seja o teu verbo a voz do coração
Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
Ruja teu peito em luta contra a morte
Acordando a amplidão
Peito que deu alívio a quem sofria
E foi o sol iluminando o dia!

Tua jangada afoita enfune o pano!
Vento feliz conduza a vela ousada
Que importa que teu barco seja um nada
Na vastidão do oceano
Se à proa vão heróis e marinheiros
E vão no peito corações guerreiros?

Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Há de florar em messes, nos estios
E bosques, pelas águas!
Selvas e rios, serras e florestas
Brotem do solo em rumorosas festas!

Abra-se ao vento o teu pendão natal
Sobre as revoltas águas dos teus mares!
E desfraldando diga aos céus e aos mares
A vitória imortal!
Que foi de sangue, em guerras leais e francas
E foi na paz, da cor das hóstias brancas!


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Hino da Proclamação da República(Letra)

Poema: Medeiros e Albuquerque 
Música: Leopoldo Augusto Miguez

Seja um pálio de luz desdobrado,
Sob a larga amplidão destes céus.
Este canto rebel, que o passado
Vem remir dos mais torpes labéus!

Seja um hino de glória que fale
De esperanças de um novo porvir!
Com visões de triunfos embale
Quem por ele lutando surgir!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós,
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz

Nós nem cremos que escravos outrora
Tenha havido em tão nobre País...
Hoje o rubro lampejo da aurora
Acha irmãos, não tiranos hostis.

Somos todos iguais! Ao futuro
Saberemos, unidos, levar
Nosso augusto estandarte que, puro,
Brilha, ovante, da Pátria no altar !

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós,
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz

Se é mister que de peitos valentes
Haja sangue em nosso pendão,
Sangue vivo do herói Tiradentes
Batizou neste audaz pavilhão!

Mensageiro de paz, paz queremos,
É de amor nossa força e poder,
Mas da guerra, nos transes supremos
Heis de ver-nos lutar e vencer!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós,
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz

Do Ipiranga é preciso que o brado
Seja um grito soberbo de fé!
O Brasil já surgiu libertado,
Sobre as púrpuras régias de pé.

Eia, pois, brasileiros avante!
Verdes louros colhamos louçãos!
Seja o nosso País triunfante,
Livre terra de livres irmãos!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

(fonte: Portal do Governo Brasileiro)

Hino à Bandeira Nacional(Letra)

Poema: Olavo Bilac 
Música: Francisco Braga

Salve lindo pendão da esperança!
Salve símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz.

Recebe o afeto que se encerra
em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

Em teu seio formoso retratas
Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas,
E o esplendor do Cruzeiro do Sul.

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever,
E o Brasil por seus filhos amado,
poderoso e feliz há de ser!

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

Sobre a imensa Nação Brasileira,
Nos momentos de festa ou de dor,
Paira sempre sagrada bandeira
Pavilhão da justiça e do amor!

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

(fonte: Portal do Governo Brasileiro)

Hino da Independência(Letra)

Poema: Evaristo da Veiga
Música: D. Pedro 

Já podeis, da Pátria filhos,
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil...
Houve mão mais poderosa:
Zombou deles o Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil;
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Parabéns, ó brasileiro,
Já, com garbo varonil,
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

(fonte: Portal do Governo Brasileiro)

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Hino Nacional do Brasil(Letra)

Poema: Joaquim Osório Duque Estrada
Música: Francisco Manoel da Silva

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos
Brilhou no céu da pátria nesse instante

Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte
Em teu seio, ó liberdade
Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó pátria amada
Idolatrada
Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce
Se em teu formoso céu, risonho e límpido
A imagem do cruzeiro resplandece

Gigante pela própria natureza
És belo, és forte, impávido colosso
E o teu futuro espelha essa grandeza

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil
Ó pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria amada
Brasil!

II

Deitado eternamente em berço esplêndido
Ao som do mar e à luz do céu profundo
Fulguras, ó Brasil, florão da América
Iluminado ao sol do novo mundo!

Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores
"Nossos bosques têm mais vida"
"Nossa vida" no teu seio "mais amores"

Ó pátria amada
Idolatrada
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado
E diga o verde-louro dessa flâmula
Paz no futuro e glória no passado

Mas, se ergues da justiça a clava forte
Verás que um filho teu não foge à luta
Nem teme, quem te adora, a própria morte

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil
Ó pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria amada
Brasil!

(fonte: Portal do Governo Brasileiro) 


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sexta-feira, 14 de julho de 2017

A HISTÓRIA DA CANÇÃO DO SOLDADO

  A Europa vivia o início da primeira conflagração mundial e o Brasil, embora distante do teatro da guerra, necessitava fortalecer o seu Exército, não só diante do que ocorria  no velho continente, cujas consequências já eram sentidas aqui, mas também por questões internas. 
  A  propaganda de guerra desenvolvida pelos dois blocos beligerantes suscitou  discussões em torno da nacionalidade, e essas propiciaram ao governo as condições favoráveis para - entre outras medidas - tirar do papel a lei do Sorteio Militar, promulgada em 1908.
  Avivar os sentimentos patrióticos dos jovens, especialmente daqueles de  classe social mais alta, para aproximá-los da causa cívica, fazia parte do programa de remodelação do Exército, já desencadeado pelo Estado.
Além da ameaça externa, as dissensões políticas e os tumultos civis internos que ainda marcavam a jovem república brasileira, tornavam nítida a necessidade da organização de um exército forte, disciplinado e competente, capaz de impor-se pela participação no desenvolvimento do país e na formação da consciência nacional. Para consolidar o programa era necessário um movimento de opinião, uma campanha de convencimento, à qual foi chamado a participar o poeta Olavo Bilac, que iniciara em 1915 os seus primeiros discursos nesse sentido.
Criada a Liga de Defesa Nacional, Bilac eletrizou o país fazendo conferências e proferindo discursos para estudantes e militares, numa cruzada pela conscientização da juventude. 
Foi naquele clima de entusiasmo nacionalista criado não só pela propaganda do Estado,  mas também pelo  fantasma da guerra , que um Sargento Telegrafista do Primeiro  Batalhão de Engenheiros  teve os seus sentimentos cívicos alvoroçados pelos acordes de um dobrado de autoria desconhecida que escutou no Rio de Janeiro,  e   resolveu dar-lhe uma letra.  Com os seus versos nasceu a primeira canção militar brasileira, que ele intitulou  Da Pátria Guardas. 

“ Em 914 ou 15 eu conheci, tocado pelas bandas do Rio,  um dobrado muito bonito. Melodia alegre e marcial em todas as suas três partes. Amante da boa música, fiquei querendo-o bem. Chamava-se Capitão Cassulo. Como seria bonita uma canção militar com aquela melodia suave e comunicativa! Dei-lhe pois uns versos que falavam com certa insistência  da sublime missão do soldado  em seu apostolado cívico. Destacava-o como  guarda permanente da Pátria.” (Letra da Canção do Soldado autografada pelo Ten.Cel. Alberto A. Martins).
São palavras publicadas em maio de 1949, na Revista do Clube Militar - sob o título Erro Legislativo - pelo autor dos versos da conhecida Canção do Soldado, o   curitibano Alberto Augusto Martins, nascido em frente ao antigo Fórum , na avenida Marechal Floriano Peixoto. 
Com a execução do Sorteio Militar - escreveu Martins - o Exército passou por  profunda modificação em sua estrutura.  Era necessário preparar  cenário adequado  para os novos soldados. E a canção militar foi um grande veículo dessa inteligente propaganda.”
Difundido pelo rádio, executado pelas bandas militares de todo o país,  incorporado  pelo Exército e pelo povo,  o dobrado ganhou  popularidade nacional.
Não poderia supor o então sargento Martins, que os seus versos viriam a lhe causar aborrecimentos.
Com a popularidade da canção , vieram as apropriações. Em São Paulo,  tomou o nome de Canção do Soldado Paulista, no Rio Grande do Sul e em Minas, chamaram-na de Amor Febril, nas publicações militares  passou a chamar-se Canção do Exército, de autoria anônima. Recebeu também adendos obtusos, além de aparecer como sendo obra de um  sr. F. Fonseca - observou Euclides Bandeira , a quem Martins se queixou por carta: Minha canção, apenas divulgada, foi adulterada! 
Pelo jornal Diário da Tarde, de Curitiba, mais de uma vez Bandeira referiu-se   à canção, reclamando da omissão do nome de Martins como autor dos versos e  contra as impropriedades adicionadas às suas rimas.
Também indignado com os erros com que era citada a canção no  hinário do Exército, seu superior hierárquico, o capitão José Azevedo da Silveira Sobrinho,  escreveu para o jornal A Noite, do Rio, esclarecendo definitivamente a autoria dos versos.
Com o reconhecimento alcançado graças ao gesto do seu capitão, Martins ganhou os apelidos  de “Pátria Amada” e  de “Amor Febril”, que não o incomodavam. Os que o conheceram dizem que era de trato fácil e agradável, e até mesmo que gostava dos apelidos.
Talvez o incomodasse mais  a curiosa paródia que um humorista carioca fez dos seus versos e que tornou-se tão popular entre  estudantes quanto as  rimas originais.   
O que realmente  angustiava o sargento Martins era desconhecer o nome do autor da melodia . E conviveu quase 30 anos com a curiosidade de saber com quem  partilhar  o sucesso da canção, o que veio a acontecer na década de quarenta, de forma inusitada. Residindo no Rio, sabia apenas que o autor não seria de lá.  Se o fosse, não teria permanecido incógnito por tanto tempo, diante do  sucesso que a canção alcançou.
Na busca do autor, Martins consultou um conhecido compositor popular e colheu o nome provável de um músico militar pernambucano, já falecido, que ele anotou com carinho: Euclides da Costa Maranhão.  Era apenas uma possibilidade.
Com a declaração de guerra, em 1942, Martins substituiu alguns versos e acrescentou outros doze à poesia original, adaptando-a ao momento histórico. Com eles, a canção tomou novo impulso e embalou os já exaltados sentimentos de patriotismo dos soldados brasileiros, que teriam importante  participação  no conflito.

(Ten. Cel. Alberto Augusto Martins, 
autor da letra da Canção do Soldado)

Passados quase trinta anos do sucesso, surgiu em Belém do Pará, durante a guerra, o músico Teófilo Dolor Monteiro de Magalhães, reivindicando a autoria da canção, que teria composto em 1911, segundo afirmou.
Ao tomar conhecimento da revelação daquele músico, Martins procurou-o  imediatamente e, apesar da má impressão que teve de Teófilo  (que alegou ter perdido os documentos e a partitura da música durante um naufrágio)    “...acreditei nele” – disse  em carta ao jornalista Saul Lupion Quadros -” e procurei auxiliá-lo naquilo que julgava ser sua reabilitação como notável músico”.
Militar patriota, cidadão cordato e correto, incapaz de supor que alguém fosse capaz da vilania de intitular-se autor daquilo que não produziu - especialmente tratando-se de um louvor cívico - Martins acreditou de boa fé estar diante do compositor do Capitão Cassulo. Com a ajuda de Martins, Teófilo conseguiu junto à empresa fonográfica Odeon  o registro do seu nome como compositor do célebre dobrado.
Difundido  pelo rádio  para todo o país – com Teófilo agora citado como autor - não demorou para que surgissem protestos vindos de Pernambuco, contestando aquele músico e reclamando a autoria da canção a um músico daquele Estado.
Estava criada a polêmica.
Teófilo insistiu na autoria e, quanto mais insistiu, sem prová-la -, mais se fizeram ouvir os protestos dos pernambucanos.      
Por fim, foi encontrada no Recife, datada de 1909, a partitura original da melodia, do próprio punho do autor: o modesto músico militar pernambucano, Euclides da Costa Maranhão.  Aquele mesmo precioso nome que eu um dia recolhi e guardei carinhosamente - registrou Martins em seu artigo.
Mas a revelação do nome do verdadeiro autor não colocou ponto final na trajetória polêmica da canção. 
Depois de ter banido da memória o episódio, foi com espanto que Martins deparou em jornais de maio de 1948, com a seguinte notícia:
“Camara dos Deputados – presentes  185 deputados, teve início a ordem do dia com  o Projeto no. 387-B, que concede uma pensão mensal de mil cruzeiros a Teófilo Dolor  Monteiro de Magalhães, autor da Canção do Soldado.”
Indignado com a pretensão absurda, Martins redigiu o artigo Erro Legislativo e encaminhou-a à Revista do Clube Militar, historiando os fatos e desmascarando a fraude, na tentativa de evitá-la.  Seu artigo, no entanto, só foi publicado  quase um ano depois  - disse ele ,   “mercê da curiosa prática das publicações mensais quando atrasadas, de não darem saída a qualquer matéria, embora de cunho relevante,  senão na tiragem corresponde  ao mês em  que  o trabalho foi entregue à redação. E assim, a calamidade não foi evitada.”
Em carta dirigida ao diretor do jornal O Dia, em outubro de 1959, pela qual agradece  ao jornalista Saul Lupion Quadros as palavras que ele escreveu sobre a canção, Martins  esclarece  que a pensão foi concedida, apesar  da manifestação contrária do então deputado Café Filho, que apresentou em plenário um memorial  da família de Euclides Maranhão  provando ser ele o verdadeiro autor da canção.
E, com um travo de amargura Martins encerra a carta, dizendo: Por isso tudo, meu amigo, e em consequência de fato considerado de elevado sentido moral e cívico, temos como pensionista do Estado um reles usurpador.”
Ao abordar a canção  em um de seus artigos escrito antes do episódio da fraude, Euclides Bandeira parece antever a reação dos pernambucanos, ao dizer: Ahí fica o reparo. O de que precisamos é, como em 1914-15, repetir: Nós somos da Pátria guardas.

Ciro Correia França

Fonte: http://www.jornaldepoesia.jor.br/rricupero2.html